Até o último homem- 2016 (Critica)





 Poucas vezes uma obra foi tão capaz de refletir em si o seu próprio autor. (Hacksaw Ridge) ou Até o último homem e o mais novo trabalho como diretor de (Mel Gibson) o filme conta a surpreendente historia de (Desmond T. Doss) o primeiro objetor de consciência a ganhar uma medalha de honra por ter participado da batalha de Okinawa 1945.  D.Doss e um jovem adventista que decide se alistar para servir como um objetor de consciência na segunda guerra mundial, traduzindo, Doss decide encarar as trincheiras sem nem mesmo poder tocar em uma arma.    

Em um primeiro ato burocrático e um tanto cansativo (Gibson) nos apresenta a uma família marcada pela guerra. De cara temos mais uma bela atuação de um dos mais competentes e subestimados atores de Hollywood, (Hugo Weaving) desta vez interpreta (Tom Doss) um ex-militar, alcoólatra e aposentado que serviu na primeira grande guerra e cria seus filhos através de uma educação extremamente rígida, religiosa e violentamente controversa. E um pena que o filme não tenha tido a capacidade de explorar todo o potencial do personagem e de H. Weaving que e reduzido a algumas cenas curtas e quase todas sem relevância para o desenrolar da trama, alias temos aqui talvez o único e principal problema  em  (Hacksaw Ridge) o filme gasta tempo demais em cenas redundantes e clichês de gênero. 

 Desmond T. Doss cresce e se torna um sorridente rapaz, agora interpretado pelo talentoso  (Andrew Garfield) “ O cara do homem Aranha , ele conhece uma bela e recatada enfermeira (Teresa Palmer).  Tinha que ter um fetiche conservador de uma mulher submissa, caso contrario não seria (Mel Gibson).  A bela enfermeira ao saber que Doss serviria como objetor consciente, encosta o jovem adventista contra parede e exige a ele que a peça em casamento, o mesmo concorda e então vamos para o segundo ato.

 O jovem e ate então sorridente rapaz se alista para a guerra e é neste momento que o filme erra em quase tudo que outros clássicos de guerra como (Full Metal Jacket (1987) acertam, as cenas no quartel não são ruins mais não exprimem o humor dramático e os conflitos de ego oriundos da presente situação. Porem sabemos que as cenas são necessárias para dar veracidade histórica a trama.


Chegamos então ao momento mais aguardado em (Hacksaw Ridge) as cenas de guerra, com câmera na mão, explosão, muito sangue e câmera lenta  (Mel Gibson) nos mostra sua real relevância cinematográfica. São 40 minutos de pura adrenalina e de imersão áudio visuais, aonde acompanhamos o agora bravo e destemido (Desmond T. Doss), com soluções visuais extremamente criativas e inquietantes, e impossíveis não lembramos  (Saving Private Ryan)1998. A inesperável cumplicidade de guerra entre os saldados anteriormente desconfiados de Doss  nos causa uma inevitável complacência e desperta o lado humano da obra, temos então o dilema de (Mel Gibson) encarnado no filme, uma obra extremamente violenta e sensível ao mesmo tempo.

O final em forma de documentário nos ajuda a nos desvincularmos da percepção ficcional da trama, a primeira pergunta que nos vêem inevitavelmente a cabeça e Como eu  ainda não conhecia esta historia?



Nota: 8,1. 

Vinicius Rezende. 

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